Cheguei cedo à praia neste primeiro dia de 2025.
O caminho estava limpo, e, se não fosse pelos garis varrendo a cidade, seria difícil imaginar que a festa de réveillon havia levado milhões às ruas do Rio.
As ruas estão vazias nesta manhã, com um silêncio que lembra os dias da pandemia.
O mar está de ressaca, como muitos que viraram a noite celebrando.
Entre os poucos que circulam, um homem passa por mim: bermuda branca, olhos arregalados, segurando os sapatos como se carregasse os restos da madrugada.
Mais à frente, um menino enfrenta as ondas, indiferente ao apito do salva-vidas.
Ele leva um capote e volta para a barraca da família, molhado e envergonhado.
Lição aprendida.
Mas o pai insiste em outra:
— Não vai voltar para o mar? A vida é assim mesmo: a onda te derruba, você cai e se levanta.
À medida que o sol sobe, estranhos trocam cumprimentos:
— Feliz ano novo!
Alguns desviam o olhar, como se o futuro que acaba de chegar fosse grande demais para encarar. Talvez precisem adiá-lo por mais alguns dias.
Afinal, cada amanhecer é uma nova chance de recomeçar.
Primeiro dia de 2025: lições da praia.
Valéria Monteiro Jornalista.
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