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Geopolítica, Corporatocracia, Gentrificação e o Legado Excludente: Um Desabafo Crítico.

Foto do escritor: Valéria MonteiroValéria Monteiro

As declarações de Trump sobre realocar palestinos – e a ambição de transformar Gaza numa espécie de “Riviera do Oriente Médio” – me fazem pensar que, em pleno século XXI, a desigualdade continua reinando. Enquanto alguns chamam essa movimentação de “limpeza étnica”, outros a justificam em nome da segurança. Mas, no fundo, trata-se de uma gentrificação de um povo inteiro, um processo onde os mais fracos são tratados como gansos prontos para terem seus fígados gourmetizados, alimentando o próprio apetite de uma elite que não pensa duas vezes antes de descartar vidas.


O que é uma Corporatocracia?


Para quem não está acostumado com o termo, a corporatocracia é um sistema de governança onde as grandes corporações e os bilionários mandam. Nesse modelo, os interesses do mercado e do lucro se sobrepõem ao bem-estar da população. Quando o governo do país mais poderoso do mundo adota esse modelo, o resultado é um empobrecimento da democracia e a transformação de políticas públicas em instrumentos para favorecer a elite.


A Máquina da Exclusão em Ação


Nos Estados Unidos, as manobras para expulsar imigrantes em massa não se resumem a medidas de controle de fronteira. Elas integram um projeto maior, uma verdadeira “economia da exclusão”, que busca:

• Redefinir o Tecido Social:

Ao “limpar” o cenário nacional, cria-se uma população homogênea que agrada ao mercado. Essa limpeza, que remete à gentrificação, transforma bairros populares em áreas de luxo, empurrando os moradores originais para fora.

• Otimizar para o Lucro:

Deslocar comunidades – seja em territórios como Gaza ou nas fronteiras dos EUA – é uma estratégia para maximizar o capital e minimizar os “incômodos” da diversidade. A lógica é simples: menos diversidade, mais controle, mais lucro.

• Manipular a Insegurança:

Discursos alarmistas de insegurança, propagados por uma mídia que serve aos interesses corporativos, criam um ambiente onde medidas extremas parecem justificadas. Tudo isso enquanto os mais vulneráveis se tornam presas fáceis para um sistema que se alimenta da exclusão.


Gentrificação: Transformando Espaços e Deslocando Vidas


Gentrificação é o processo perverso pelo qual bairros, tradicionalmente habitados por pessoas de baixa renda, são “revitalizados” com investimentos que elevam o custo de vida e expulsam os moradores originais. É a transformação de áreas ricas em histórias e culturas em espaços padronizados, onde o consumo e o lucro ditam as regras. Em outras palavras, é a remodelação de territórios e comunidades inteiras para criar um cenário “ideal” para os interesses dos poderosos.

Geopolítica, Corporatocracia, Gentrificação e o Legado Excludente: Um Desabafo Crítico.

Ecos Perturbadores do Passado


Essas manobras excludentes não são invenção moderna. A história está repleta de momentos sombrios que servem de alerta:

• Segregação Racial nos EUA:

As leis Jim Crow, que legalmente separaram e marginalizaram a população negra, mostram como o Estado pode ser manipulado para legitimar a exclusão.

• Expulsão de Povos Indígenas:

A colonização das Américas foi marcada pela remoção brutal de povos indígenas de suas terras ancestrais, um verdadeiro processo de “limpeza” cultural e territorial.

• Nacionalismos Excludentes na Europa:

Políticas protecionistas e nacionalistas abriram caminho para ideologias xenófobas e autoritárias, cujas consequências ressoam até hoje.


Hoje, figuras como Donald Trump e Elon Musk – ícones de uma elite bilionária – parecem querer direcionar os Estados Unidos e, por extensão, o mundo para um modelo onde o lucro se sobrepõe à dignidade humana. Seus discursos e políticas ressoam como ecos desses momentos históricos perturbadores, alimentando um sistema que trata os mais vulneráveis como meros recursos descartáveis.


Conclusão


Estamos diante de um cenário em que segurança, lucro e exclusão se entrelaçam numa teia que transforma vidas em números e territórios em produtos. Quando o governo do país mais poderoso do mundo se inclina para a corporatocracia, seguimos por um caminho já trilhado por momentos sombrios da nossa história – momentos de segregação, expulsão e desumanização.


Se quisermos reverter esse quadro, é urgente repensar as estruturas de poder e as narrativas que justificam tais medidas. Precisamos reivindicar uma sociedade onde a dignidade humana, a diversidade e a inclusão sejam prioridades, e não meros adereços para alimentar o apetite de uma elite que trata os mais fracos como gansos prontos para terem seus fígados gourmetizados.


Este desabafo é um convite à reflexão: que possamos olhar para o passado, questionar o presente e construir um futuro onde cada indivíduo tenha seu espaço e sua voz, sem que nada – nem mesmo a sede insaciável de lucro – os transforme em meros produtos descartáveis.


Geopolítica, Corporatocracia, Gentrificação e o Legado Excludente: Um Desabafo Crítico.

Valéria Monteiro Jornalista.



1 Comment

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Guest
Feb 16
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Texto com conteúdo e termos que não conhecia. Fiquei bem pensativo sobre como isso nos afeta mundialmente.

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