O golpe que não houve, mas quase foi.
Bolsonaro e aliados no centro de denúncia histórica por tentativa de golpe.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Jair Bolsonaro e mais de 40 pessoas por tentativa de golpe de Estado coloca o Brasil diante de um momento histórico. Não apenas pelo peso das acusações, mas pela articulação dos órgãos de investigação e pela robustez das provas apresentadas.
A costura da PGR e o trabalho da PF
A Polícia Federal conduziu uma das investigações mais profundas da história recente do país, desvendando um plano golpista que envolvia militares, assessores próximos ao ex-presidente e figuras do alto escalão do governo anterior. As descobertas foram entregues à PGR, que, mesmo após a polêmica substituição de Augusto Aras por Paulo Gonet, manteve a linha dura diante dos fatos.
A denúncia apresentada sustenta que Bolsonaro e aliados planejaram uma ruptura institucional para se manter no poder. Os detalhes incluem a redação de minutas golpistas, a tentativa de aliciar militares e o uso da máquina pública para espalhar desinformação e desacreditar as eleições.
A delação de Mauro Cid
Entre os elementos centrais dessa denúncia está a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid entregou provas contundentes de que o ex-presidente não apenas sabia das movimentações, mas atuou ativamente para tentar invalidar o resultado das urnas. Mensagens, reuniões secretas e documentos revelam um plano que não se concretizou, mas que chegou perigosamente perto de se tornar realidade.
Sua colaboração reforça a gravidade das acusações. Ele não é um delator qualquer: era um dos homens mais próximos de Bolsonaro, alguém que sabia dos bastidores do governo e testemunhou de perto a engrenagem golpista em ação.
O que vem agora?
O STF terá que decidir se aceita a denúncia e transforma Bolsonaro e seus aliados em réus. Caso isso aconteça, o Brasil verá pela primeira vez um ex-presidente ser julgado por tentativa de golpe de Estado. As consequências políticas e jurídicas serão profundas, podendo não apenas enterrar de vez as ambições políticas do ex-mandatário, mas também redefinir os limites da impunidade para crimes contra a democracia.
O caso reforça a importância das instituições e do compromisso com o Estado Democrático de Direito. Bolsonaro tentou minar esse sistema, mas ele prevaleceu. Agora, cabe à Justiça decidir seu destino.
