Tem filmes que a gente assiste, entende e depois sente. Um Homem Diferente faz o caminho inverso: primeiro, ele nos absorve em sua estranheza, nos prende em seu ritmo incomum e só depois começamos a racionalizar o que acabamos de ver. Dirigido por Thomas Cailley, o longa mistura drama, fantasia e uma pitada de ficção científica em uma narrativa que desafia o espectador a sair da caixinha – e quem sabe da casinha também.

A história acompanha Vincent (Romain Duris), um homem que passa por uma transformação radical e literal. Aos poucos, seu corpo começa a mudar, e a metáfora ganha forma de maneira inesperada e perturbadoramente palpável, à medida que mergulhamos na psique do protagonista. Mas o filme não se apressa em oferecer explicações. Ele nos faz sentir essa mudança gradualmente, quase como se estivéssemos vivendo o processo junto com Vincent. É um conceito que beira o surreal, mas funciona justamente porque nos obriga a encarar o desconhecido sem pré-conceitos.

O filme garantiu uma indicação ao Oscar de Melhor Maquiagem – um reconhecimento que vai além do realismo físico. Mais do que criar uma ilusão perfeita, a maquiagem aqui parece provocar uma questão maior: e se aquilo que vemos como falso for, na verdade, mais verdadeiro do que imaginamos?

Definitivamente, se eu fosse você, daria uma chance a esse filme. Pode ser que você termine com mais perguntas do que respostas, mas uma coisa é certa: indiferente, você não vai ficar.