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Nosferatu (2024).

Nosferatu (2024).

Um clássico reimaginado com arte e inquietação.

Robert Eggers entrega uma visão renovada de Nosferatu, trazendo ao clássico de 1922 um toque autoral que resgata a atmosfera do expressionismo alemão enquanto a conecta com sensibilidades contemporâneas. A direção de Eggers se destaca por sua abordagem pictórica: cada quadro parece um quadro vivo, evocando as formas distorcidas e as sombras intensas que definiram o movimento artístico no início do século XX.

Lily-Rose Depp: A alma do filme

Embora o Conde Orlok (Bill Skarsgård) seja o ícone do terror na história, é Ellen, interpretada por Lily-Rose Depp, quem se torna o coração pulsante do filme. Depp constrói uma personagem que transita entre fragilidade e determinação, desafiando as convenções de mocinhas passivas que frequentemente povoam narrativas góticas. Sua performance é rica em sutilezas: olhares carregados de dúvida e coragem, gestos delicados que revelam força interna. Depp transforma Ellen em mais do que uma vítima ou objeto de obsessão; ela é uma presença magnética, resistindo ao mal com humanidade genuína.

Direção e estética: uma experiência visual imersiva

Eggers cria um universo que transcende o mero terror, fundindo a estética do expressionismo alemão com uma linguagem cinematográfica moderna. A iluminação pontual e as composições cuidadosamente calculadas tornam cada cena uma obra de arte em movimento. Há algo de teatral em como os personagens habitam o espaço, reforçando a sensação de isolamento e vulnerabilidade. Diferente de Drácula de Bram Stoker (1992), que trouxe uma abordagem operística e romântica à mesma história base, Nosferatu de Eggers adota um tom mais introspectivo e sinistro, favorecendo o desconforto e a inquietação.

Enquanto Francis Ford Coppola abraçou a grandiosidade e o excesso, Eggers se volta para uma austeridade poética. As sombras não são apenas uma metáfora visual, mas personagens por si mesmas, envoltas em mistério e ameaça constante.

O horror como arte

A releitura de Nosferatu não busca sustos fáceis. O terror emerge lentamente, como uma maré subindo, carregado por silêncios, olhares e pela presença perturbadora de Skarsgård como Orlok. Sua figura grotesca, envolta em trevas e com uma fisicalidade quase alienígena, é contraposta pela humanidade de Ellen, criando um contraste que ecoa a dualidade entre o sublime e o grotesco.

Conclusão

Nosferatu (2024) não é apenas um filme de terror; é uma obra de arte que convida o espectador a mergulhar em sua atmosfera densa e contemplativa. Com uma direção meticulosa, atuações inesquecíveis — especialmente de Lily-Rose Depp — e uma estética que celebra o melhor do cinema gótico, Eggers entrega uma obra que honra o legado do original enquanto constrói algo novo e relevante.

Se Drácula de Bram Stoker é um poema trágico sobre amor e perdição, Nosferatu é uma pintura sombria que explora a essência do medo e da humanidade. É uma experiência visual e emocional que permanecerá na memória do público.

Valéria Monteiro Jornalista.
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