Grupo Corpo:
50 Anos de Dança e Revolução Cultural.

Foto: José Luiz Pederneiras
Em Belo Horizonte, na década de 1970, nasceu uma companhia de dança que redefiniria os padrões artísticos do Brasil. Foi em 1975 que o Grupo Corpo surgiu, rompendo barreiras e afirmando Minas Gerais no cenário cultural nacional e internacional. Até então, dizia-se que, para fazer sucesso no país, era preciso sair de Minas. O Corpo provou o contrário.
No ano seguinte, sua estreia nos palcos veio com Maria Maria, coreografado pelo argentino Oscar Araiz, ao som da trilha icônica de Milton Nascimento e com textos de Fernando Brant. A montagem, apresentada poucos anos após o histórico álbum Clube da Esquina (1972), rapidamente conquistou o público e permaneceu mais de uma década em cartaz, atravessando 14 países e consolidando o Grupo Corpo no cenário mundial. Mais tarde, a bem-sucedida parceria se renovou com Último Trem.
As Origens e a Influência da Capoeira
A história do Grupo Corpo começa antes mesmo de sua fundação. A influência da dança na família Pederneiras remonta ao centenário casarão do Colégio Arnaldo, onde funcionava a escola de balé moderno de Marilene Martins, a Nena. Para incentivar a participação masculina, ela oferecia bolsas integrais. Foi assim que os irmãos Pederneiras, então praticantes de capoeira, embarcaram no universo da dança e passaram a integrar o Grupo Transforma.
No Festival de Inverno de Ouro Preto, em 1973, conheceram Oscar Araiz e decidiram criar um grupo profissional. Com a aprovação da família, a casa dos Pederneiras, na Rua Barão de Lucena, tornou-se a sede do Grupo Corpo. No mesmo espaço, foi fundada a Corpo Escola de Dança Livre, que formou gerações de bailarinos.
A Consolidação e o Crescimento
Com o sucesso crescente, uma nova sede foi projetada pelo arquiteto Éolo Maia no bairro Mangabeiras. Foi lá que Rodrigo Pederneiras assumiu oficialmente a coreografia do grupo, estreando com Cantares, embalado pela música de Marco Antônio Araújo.
Desde então, o Grupo Corpo acumula sucessos e emociona plateias ao redor do mundo. Em meio século de existência, realizou 24 espetáculos, apresentando-se em mais de 40 países. Com coreografias de Rodrigo, direção e iluminação de Paulo e figurinos e trilhas assinadas por renomados compositores, o Corpo consolidou-se como referência da dança contemporânea.
Espetáculos Memoráveis e Parcerias Musicais
A cada montagem, o Grupo Corpo surpreende pela fusão inovadora entre movimento e música. Entre os espetáculos marcantes estão Bach (1996), com trilha de Marco Antônio Guimarães inspirada no compositor barroco; Parabelo (1997), parceria com Tom Zé e José Miguel Wisnik; Onqotô (2005), embalado por Caetano Veloso e Wisnik; Breu (2007), com a intensidade sonora de Lenine; e Gira (2017), inspirado na umbanda e sonorizado pelo grupo Metá Metá.
Agenda Comemorativa dos 50 Anos
Em 2025, o Grupo Corpo celebra meio século de história com um novo espetáculo, que estreia em agosto, em São Paulo. Desta vez, dois coreógrafos dividirão a criação: Rodrigo Pederneiras e Cassi Abranches. A trilha será assinada por Clarice Assad, compositora que transita entre a música erudita, o jazz e a MPB.
Além do espetáculo inédito, um documentário e um livro comemorativo serão lançados, trazendo registros históricos e imagens captadas ao longo das cinco décadas de existência e sucesso do grupo.
De Belo Horizonte para o mundo, o Grupo Corpo segue revolucionando a dança e reafirmando sua identidade artística com sofisticação e ousadia.
